quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Quem és tu?


Quem és tu mulher que mexe com todos os meus sentidos, hein?
Que dança ao redor do meu corpo como uma borboleta curtindo o pouco tempo que tem de vida.
Que lança sobre mim os olhares mais atentos, os mais cuidadosos, os mais desejosos e os mais esperançosos de todos.
Que me ama sempre como se fosse a última vez e que me deixa também sempre temerosa de que de fato seja.
Que me faz esquecer de tudo e de todos e me preocupar unicamente com o destino de nós duas.
Que realiza todos os meus desejos, mas ignora a realização de um desejo tão comum de nós.
Que desperta em mim sentimentos tão opostos...
Sou contraditória mesmo, moça, de fato sou! Mas quem és tu?
Tu despertas em mim sentimentos tão filhos da puta... só podem ser meu bem... eles não são do mesmo pai... não, não são!
Me faz egoísta porque  não te quero dividir com ninguém e me faz generosa quando a única opção que me dás é a partilha.
Torna minha alma anárquica quando ela quer inquietar a tua, percorrer teu corpo e teus sentidos... Me transformas numa pacifista ao admirar teu semblante e querer que o mundo todo seja conduzido a esta sensação de plenitude.
Moça que me faz sentir uma iniciante- sabe primeiro dia de aula? Toda vez que me deparo com um questionamento teu. Questionas os meus desejos e minhas verdadeiras necessidades, questionas meus amigos, meus valores... pões tudo em cheque! Ao mesmo tempo me fazes sentir experiente - quando me deixas te possuir como se fosse a minha especialidade... quando me deixas ler e reler teus textos e intervir como se a tua tese de doutorado tivesse sido escrita em sete dias. Quando me olhas e me diz: Linda, o que tu acha? Caralho, isso me fode!
Tu me fazes sentir saciada quando te possuo e completamente faminta de teu corpo alguns segundos após o ato.
Saudosa quando ainda estou contigo, pois tenho certeza que as horas correm desejando nos afastar... Sinto ainda tua presença tão marcante quando mesmo por vários dias nem sequer tenho notícias tuas.
Me sinto sufocada quando queres controlar a minha vida e liberta ao teu lado,   pois me fazes viver.
Moça que me faz ser presente e ausente ao mesmo tempo. Presente para ti e ausente para os que amo; por vezes presente para ambos e ausente para comigo mesma. Mas moça, tu estás tão presente em mim que nem sinto a minha falta.
Acho que essa sou eu... ser invadido por você, ser que chora e sorri, que grita e cala, que quer te construir e destruir qualquer outro ser que também te queira, mas que é  incapaz de desejar mal aquele que dizes amar. Cadê Liz nisso tudo? Onde estará a danadinha que foi embora pra nunca mais voltar.
Hoje sou assim - ser que se desfaz e se refaz - tudo isso só porque te deseja.
Mas volto ao questionamento inicial - quem és tu?
Vai me diz, anda, já!
Diz mulher... diz porque não paro de te olhar, de te desejar, de me afundar, de te amar.
Fala! É curiosidade só. Quando souber tua identidade talvez te deixe partir.
Conheço tanto de ti, tanto... mas preciso que me digas quem é você. Quero saber se a descrição que fazes de si mesma bate com a minha. Meus olhos, minha boca... tu és minha, me pertence- mas saber disso não basta! Assume logo- quem és tu? Quem? Quem? A esposa do moço Cult; a mulher que passará o resto da vida ao lado dele ou a minha indefinição, a minha vontade e a minha vida?

# Moça, o carnaval não tarda a chegar... por mais que queiras, que precises te esconder do espelho a quarta- feira de cinzas tem data certa. O carnaval como tudo que é bom dura pouco... um dia terás que tirar a máscara da indefinição-  Quem és tu?

Um comentário:

  1. E é entre esse SENTIMENTOS FILHOS DA PUTA que são despertados que sentimos a necessidade de descobrir o que é velado por aquele lenço de seda transparente. A gente sabe o que tem atrás do lenço, pois ele permite que vejamos, Mas ficamos tão encantados com a própria seda que nos deliciamos em senti-la.

    #Moça!Quanto vale uma máscara caída? Me pergunto isso todo dia! =)

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